sábado, julho 31, 2010

Entrevista: Hazy Hamlet


Por Rodrigo Ribeiro Freitas

“We’ll be forever forging metal!”, é o que brada o quarteto maringaense de heavy metal clássico Hazy Hamlet. Formada há 10 anos e com uma demo, um EP, um single e o debut “Forging Metal”, esse último lançado em 2009, de maneira independente após uma série de acontecimentos que dificultaram o andamento das gravações em quase cinco anos. Na entrevista a seguir, o vocalista Arthur Migotto, nos esclarece sobre o processo de gravação do álbum, mudanças de formação, turnês e aceitação do público perante ao trabalho do grupo. Enfim, a entrevista:


Microfonia Metálica: Arthur, faça um breve resumo da trajetória da banda desde a demo "Hazy Tales", até os tempos atuais com "Forging Metal".

Arthur Migotto: OK... o Hazy Hamlet foi fundado em 1999 por Fabio Nakahara e Julio Bertin, como um quinteto. Em 2001 lançou um CD Demo chamado “Hazy Tales”, que seguia mais o Power Metal da época. A repercussão foi ótima, e a demo vendeu mais na Alemanha que aqui no Brasil. Em 2003, já comigo nos vocais no lugar do Mário Bertin e Cristiano Américo no lugar de Alex Carvalho nas guitarras, o Hazy lançou o EP “Revelation”. Este material alcançou muitos outros países, e recebemos inúmeros elogios da imprensa nacional. Em 2004 o grupo se reduziu a um quarteto, permanecendo com uma só guitarra, e no fim do ano gravamos o single “Chome Heart”, lançado apenas virtualmente, e que foi uma espécie de teste de estúdio para o álbum que gravaríamos em 2005, bem como uma forma de divulgar a nova linha de som que seguiríamos, mais tradicional. Após inúmeros problemas e anos de gravação e produção independente, lançamos em 2009 o nosso primeiro full-length, “Forging Metal”, que tem nos rendido ótimos frutos e reconhecimento internacional. E cá estamos.

MM: Você não é um membro original do Hazy Hamlet. Houve alguma resistência de parte dos fãs quanto à saída de Mário Bertin e seu ingresso na banda?


AM: Confesso que tive esse medo. Eu mesmo sou fã declarado dos vocais do Mário - vocês precisam ver esse cara cantando Maiden antigo! - e como o Hazy já tinha lançado um material, fiquei apreensivo. Felizmente, e para minha sorte, eu já era bem conhecido na região por causa do trabalho com minha banda anterior, e acabei sendo bem aceito pelo público – o que tornou a transição bem natural, mesmo com as diferenças de timbre.

MM: E quanto à mudança de direcionamento nos trabalhos posteriores ao "Hazy Tales", que foram progressivamente ganhando uma abordagem mais heavy metal clássico ao passo em que a pegada power metal foi ficando cada vez mais de lado? O fator principal foi o timbre da sua voz ou as influências dos músicos, que foram sofrendo alterações com o passar dos anos?

AM: Eu acho que trouxe um pouco desta influência sim, mas não foi o único motivo. Os guitarristas que deixaram a banda tinham um peso grande nas composições, e como eles gostavam mais desse power metal virtuoso, o som puxava pare esse lado. Quando nos reduzimos a um quarteto, percebemos que os que sobraram eram todos fãs de um heavy metal mais clássico e do hard anos 70. A decisão pela mudança foi unânime, e estamos fazendo a transição até hoje, de forma gradual, mas sólida. As composições mais novas têm lembrado um pouco de Manowar, Sabbath e vários elementos da NWOBHM. Logo vocês poderão conferir.

MM: Como as composições tomam forma? Existe algum compositor principal ou as ideias vão surgindo aleatoriamente?

AM: Quando nos tornamos um quarteto, eu acabei assumindo boa parte das composições, levando ideias, riffs, refrãos, temas, e a maioria das músicas tem surgido daí. Mas isso porque os outros integrantes se sentem muito cômodos com isto, as ideias lhes agradam. Porém não há ditadura alguma no Hazy, e todos compartilham de alguma forma e estão abertos a isto. De vez em quando o Naka (B) e o Cadu (D) apresentam ideias de arranjos espetaculares, que eu jamais teria, que enriquecem muito o som final. E os solos do Júlio não carecem de comentários. Muito mais que virtuosismo técnico, ele prioriza o feeling, e o resultado é muito mais parecido com o som dos anos 80 do que o que vemos hoje em dia.

MM: A mitologia nórdica é um tema recorrente nas letras da banda. De onde surgiu esse interesse pelo assunto?

AM: Desde antes de o surgimento do Hazy Hamlet, quando eu, Naka e Júlio éramos simplesmente bangers e amigos curtindo som juntos no mesmo bar, já conversávamos sobre mitologias nórdica e egípcia. Nós não estamos seguindo moda. É que o fato de a mitologia nórdica ser tão rica em metáforas, serve como um prato cheio de temas para músicas – e isso simplesmente acabou migrando para o nosso som.

MM: O álbum "Forging Metal" foi um verdadeiro parto, demorando alguns anos até ficar realmente pronto e ser lançado. Explique as dificuldades que vocês tiveram para que esse álbum finalmente visse a luz do dia.

AM: Se eu fosse citar cada detalhe, precisaria escrever um livro! (risos) Bem, a ideia do disco surgiu no começo de 2005, enquanto gravávamos o single “Chrome Heart”. Como não tínhamos investimento externo, decidimos que gravaríamos módulo a módulo, pagando a cada etapa, e portanto precisamos juntar dinheiro a cada alguns meses. A bateria precisou ser gravada completamente duas vezes, pois a primeira vez ficou uma merda, devido ao descaso do dono do estúdio que gravamos. Também tivemos alguns adiamentos durante a gravação, com problemas de saúde do então baterista Hermano Filho e do baixista Fabio Nakahara, bem como problemas com equipamento do Júlio quando ele foi gravar. Na época da mixagem fomos enrolados e engolimos muita mentira por parte do mesmo dono do estúdio. Revoltados, pegamos os backups e resolvemos terminar sozinhos, mas sem experiência alguma, precisamos de um tempo até aprendermos e podermos fazer algo decente. Já com os ouvidos mais afinados, percebemos muitos problemas de captação, e tivemos que corrigir e regravar vários detalhes. Com tudo pronto e após a mixagem, o Hermano resolveu deixar o grupo. Rapidamente chamamos Cadu Madera, que já tocava em um projeto de hard 70 com os cordistas, e que tirou as músicas num tapa. Finalmente atrás da prensagem, tivemos dificuldade para encontrarmos algumas informações técnicas e burocráticas, bem como problemas com o pessoal da assessoria e da fábrica. Confesso que quase desistimos e acabamos com o grupo, mas felizmente o disco saiu e o resultado está aí.

MM: Vocês estão satisfeitos com a resposta que os headbangers e a mídia em geral vem dando em relação ao álbum?

AM: Como poderíamos não estar? Estamos recebendo elogios de todos os cantos, da imprensa nacional e internacional, e a resposta dos bangers está fantástica! Infelizmente o disco foi muito pirateado, e encontra-se em blogs do mundo todo. Isso ceifa a única fonte de renda que temos para investirmos na banda. Por outro lado, isso mostra o quanto todos têm gostado de nosso trabalho, e é interessante recebermos contato de países que jamais imaginaríamos, como China e Rússia.

MM: Vejo que a banda realiza um trabalho maciço de divulgação através da Internet, disponibilizando o álbum para venda em diversos sites, sendo assim, praticamente qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo pode ter acesso a ele. O retorno vem sendo significativo?

AM: Talvez não tão substancial, devido à pirataria, mas essencial - o que podemos concluir sim como “significativo”. É gratificante saber que mesmo após a revolução digital alguns ainda gostam de comprar o material, seja para apoiar o grupo em questão ou para colecionar o material original, com encarte e tudo mais. Nós não lucramos com o Hazy, mas a venda é a única fonte de renda do grupo e é graças a ela que conseguimos enviar material para mídia estrangeira e conseguimos este respeito e repercussão que estamos conquistando. Por isso mesmo já estamos planejando novas estratégias para que os custos de produção dos materiais futuros sejam mais baixos e possamos vendê-lo mais barato. Essa é a única forma que encontramos para fazer com que o banger leve o disco original para casa e combater a pirataria.

MM: Um pouco antes do lançamento do trabalho, vocês sofreram outra baixa na formação, com a saída do baterista original Hermano Filho, que gravou todas as faixas de "Forging Metal", com Cadu Madera entrando em seu lugar. Mesmo com tantas mudanças na banda, acho que essa tenha sido a mais traumática, ainda mais que ele passou por todos os problemas acima citados junto com vocês. Comente sobre essa saída.

AM: Sem dúvida a mudança mais traumática e que só não foi pior porque tivemos a sorte de já ter o Cadu muito próximo ao grupo. O Hermano é um grande irmão, e que se dedicou de maneira inquestionável para o crescimento do grupo. Infelizmente a vida é feita de momentos bem distintos, e com a demora para a saída do disco, dificuldades financeiras e necessidade de se dedicar mais aos filhos, ele viu naquele instante uma oportunidade de deixar o grupo – tenho certeza de que aquilo foi ainda mais difícil para ele do que para nós. Como eu disse anteriormente, tivemos a sorte de ter nosso grande amigo Cadu do nosso lado. Ele já tocava com Júlio e Naka em um projeto paralelo, viajava com o Hazy para dar uma força e conhecia cada detalhe de nossas vidas. Quando o convidamos para um teste, ele nos surpreendeu demais, pois logo no primeiro ensaio já tocou quase todas as músicas do grupo perfeitamente – que havia aprendido apenas de observar seu predecessor. Demos liberdade total para que ele adaptasse os sons como desejasse, para sua pegada e seu estilo, e estamos muito felizes com o resultado. Ainda mantemos contato com o Hermano, e formamos uma grande família metálica.

MM: E quanto aos shows? Existem planos para uma agenda mais estável de apresentações, ou até uma tour?

AM: Infelizmente não, apesar da imensa vontade de realizar uma tour extensa. A realidade é que não é possível viver de música ou metal em nosso país, ao menos não com nosso estilo ou apenas com as apresentações. Cada integrante trabalha e estuda, e com todos horários diferentes, não conseguimos manter a regularidade que você citou. Mas temos planos sim de fazermos isto em nosso futuro, conseguirmos alinhar nossas férias e agendarmos turnês corridas e levarmos nosso som para o máximo de lugares possível. Talvez no primeiro semestre do ano que vem, ou com o lançamento do próximo material. Pretendemos também conseguir apoio para realizarmos uma turnê internacional, já que o disco repercutiu muito bem na Europa, por exemplo.

MM: Vocês estão trabalhando em novas composições. Pode nos adiantar qual a linha que seguirão para o próximo trabalho, e se há previsão de lançamento do mesmo?

AM: É mais fácil resumir tudo como “um som mais tradicional, classudo e com muita pegada”. Nós temos influências que vão do hard 70, passam pela NWOBHM, heavy americano dos anos 80, como Liege Lord, e o power alemão na linha de Running Wild e Grave Digger. Junte tudo e imagine como isso deve soar! (risos).

MM: Arthur, o espaço é seu!

Muito obrigado pelo apoio do Microfonia Metálica a nosso metal, esse apoio é essencial para a continuidade de nosso trabalho. Para um país de recursos limitados e de cultura subjugada, todo apoio da mídia independente é importantíssimo, principalmente a grupos independentes que realizam um trabalho profissional. Esperamos encontrar a todos os bangers nos próximos eventos – levaremos os palcos abaixo! Um grande abraço do Hazy Hamlet!

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terça-feira, julho 27, 2010

Parental Advisory Own Songs

Neste Sábado, dia 31, o som devastador novamente domina o Strettos, bar que virou a atual e principal rota do bangers em Londrina. Três bandas se apresentam a partir das 23h, Dismal Foresight, Perpetual Disgrace e Bloody Worm. O ingresso estará por sete reais.

Sobre as bandas:
O som pesado e agressivo é a proposta da Dismal Foresight, banda de Maringá, que inicou suas atividades em 1999. Partindo do principio do ideal underground, o peso das músicas do grupo está presente na critica a organização social da atualidade.
A banda possui três trabalhos lançados e participação em duas coletâneas. O primeiro projeto foi lançado em 2003, a demo Shadown Of the Wisdom, a segunda demo veio só em 2007. O trabalho mais recente é o Full Length Obscured Mind, lançado em 2008.
O Black metal da Perpetual Disgrace ecoa nos festivais undergrounds de Londrina desde 2002. A banda conta com projetos lançados, como a demo CD Perpetual Disgrace - na lista da demo integram quatro músicas:  Forever With Me, Satanic Devastation, The Bard of the Everything is Dead e Barrabas - e o EP Triumph Of Satan’n Steel.  No começo deste ano a Perpetual Disgrace dividiu o palco em Campo Grande – MS com a banda sueca Marduk, conhecida pelo seu Black Metal tradicional.


Bloody Worm também de Londrina é formada desde 2006. O estilo da banda, death metal, pode ser conferido no seu  myspace com a música Leprosy Attack. Acesse também o myspace da Dismal Foresight e da Perpetual Disgrace.

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quinta-feira, julho 22, 2010

Londrina Brutal Thrash

A terceira edição do festival Londrina Brutal Thrash se apresenta de forma renovada. O festival será no dia 14 de agosto no Strettos Pub (Av. Jk, 472 ) às 21h com a presença de três bandas da região: Darkway, Nacrofacia e Hazy Hamlet.
Hazy Hamlet, de Maringá, tem o heavy metal clássico como principal influencia nos 10 anos de carreira do grupo. Em fevereiro deste ano, Londrina pode sentir qual o verdadeiro som da banda no Dark Festival, realizado também no Strettos. No ano passado a banda lançou seu primeiro CD intitulado de Forging Metal. Com boas criticas na imprensa especializada, o álbum foi eleito o melhor disco de 2009 pelo editor-chefe do webzine All The Bangers, na frente de nomes como Hammerfal, Doro e Grave Digger. A música Metal Revolution  do albúm está incluída na coletânea  Monuments of Steel, lançada junto à edição 15 da revista polonesa Hardrocker.  
De Presidente Prudente, a Darkway se dedica a vertente thrash. O grupo conta com uma demo "Rest In Pieces", lançada em 2004, e atualmente está em fase de gravação do álbum "Violent Inertia".  Nacrofacia, banda de noise core de Londrina, é a responsável por marcar o estilo do Brutal Thrash, muito peso e batidas rápidas.
O primeiro Brutal Thrash foi realizado em 2007, no antigo Vitória Café. Desde então, O festival trouxe 23 bandas aos palcos londrinenses, dentre elas duas internacionais: Rattus, da Finlandia e See You In Hell da República Theca. O grindcore é a vertente que mais caracterizou as duas primeiras edições deste festival. Nesta edição o Brutal Thrash apresenta estilos como o heavy metal tradicional, o peso thrash metal e a batida agitada do noise core.
Os ingressos antecipados estão a vendo no Audio Pró Estudio (Av. Paraná 801. 2 andar) a sete reais e na hora a dez reais. 

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domingo, julho 18, 2010

Workshop de Bateria com Max Kolesne do Krisiun

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The Pray e Trem de Carga no Streetos

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